terça-feira, 9 de outubro de 2007

UMA BREVE "HISTÓRIA" DA ÓPERA - Parte I




Em qualquer pesquisa realizada entre os brasileiros, sobre os grandes orgulhos de nossa nação, encontraremos ao lado do futebol e das belezas naturais – a música.
No entanto, a música popular será, em seus diversos gêneros (samba, bossa nova, baião, vanerão, catira etc), o destaque.
Tenho a impressão de que no Brasil, a música erudita, vive escondida em guetos, em círculos tão restritos (ou pernósticos) que dão a impressão de vivermos num regime de embargo da música clássica.

A ópera, dos gêneros musicais, é um dos mais complexos e possui uma longa história de sucesso que, em nossos dias, encontra-se basicamente reduzida às coletâneas de árias populares ou concertos de tenores em Copa do Mundo e similares. Desculpem o exagero...
Porém, visando diminuir nossas suspeitas sobre o pouco conhecimento deste gênero entre os ouvintes e leitores deste texto, resolvi realizar uma breve introdução à ópera.

ORIGEM DA ÓPERA

Caso tivéssemos como objetivo encontrar o significado resumido do que seja ópera, poderíamos dizer: A culminância (ou o mais pretensioso) dos gêneros artísticos, uma vez que pretende unir teatro, música, literatura, filosofia, voz, instrumentos, artes plásticas e dança.
Os primeiros libretos foram escritos, provavelmente, por Ottavio Rinuccini por volta de 1600. Para estes libretos, a música foi composta por Jacopo Peri.
Mas, o que vale destacar é o surgimento do canto “monódico”, ou nas palavras de Otto Maria Carpeaux “É a vitória do indivíduo sobre o coro; é o individualismo na música”.
Logo surge a ópera florentina que acompanha o estilo do barroco nas artes da época: exagero, realismo e pompa.
Neste contexto, o compositor Monteverdi aparece como uma figura fundadora.



Cláudio Monteverdi (1567-1643), além de ser um grande e revolucionário compositor de música sacra, pode ser considerado também o inaugurador da ópera moderna. Quando era maestro na corte de Mântua recebeu a solicitação do conde Vincent de Gonzague para realizar uma obra nos moldes da representação de Eurídice de Jacopo Peri.


Daí surgirá à primeira ópera de Monteverdi – Orfeo (libreto de Alessandro Striggio). Uma fábula mitológica baseada na história do poeta grego que apaixonado por sua esposa Eurídice, morta por uma cobra, decide adentrar o Hades (reino dos mortos) para convencer o deus a trazer Eurídice de volta ao mundo dos vivos.
Convencido o deus Hades, Orfeu recebe uma única condição – Não olhar para traz antes de sair do mundo dos mortos. Apesar disso, o poeta não resiste às ansiedades do coração apaixonado e ao olhar a procura de sua amada perde novamente a sua querida Eurídice. O coração de Orfeu é lançado, mais uma vez, nas sombras da tristeza e do desconsolo. Neste momento, o deus Apolo, comovido com o desespero do esposo, convida-o para o Olimpo onde encontrará Eurídice como uma estrela.
Esta fábula musical é apresentada por ocasião de um casamento. E, a partir destas bodas, a música consolidará a ópera como um dos seus gêneros mais significativos.
Porém, a importância da ópera de Monteverdi não está apenas em ser uma obra fundadora, ela servirá como paradigma para as futuras óperas. Nela encontramos em estado de crisálida o recitativo, a ária, a declamação lírica, o bel canto, o duo, o balé, o leitmotiv e a orquestra. E, é claro, os temas dos Amores (desesperados) e das Mortes (trágicas)!
Não deixa de ser emblemático que o surgimento da ópera se dê com a história de um semideus grego, poeta, cantor, apaixonado e desconsolado.
Apesar da importância de Orfeo; a obra-prima de Monteverdi é um drama histórico intitulado O Coroamento de Popéia (libreto de Giovanni Francesco Busenello).
A jovem Popéia nutre um amor interesseiro pelo imperador romano Nero. O filósofo Sêneca tenta em vão dissuadir Nero de repudiar a sua esposa Otávia e, com isso, consegue o ódio do imperador e é condenado à morte. Apesar das artimanhas envidadas por Otávia e pelo ex-amante de Popéia Othon, nada consegue evitar que Popéia se torne a imperatriz romana.
O Coroamento de Popéia marca o início da ópera com profundidade psicológica, demonstrando uma inter-relação surpreendente entre a música e a história de cada personagem.

Antecipa, também, do ponto de vista musical a ária da capo (ária da retomada) que será utilizada por Richard Wagner mais de duzentos anos depois. A audácia e a grandiosidade desta obra de Monteverdi influenciará os maiores compositores de óperas de todos os tempos, entre eles, Mozart e Verdi.
Algumas demonstrações:




5 comentários:

Franciely da Costa disse...

Gostei de ler o texto. Sinto que sou um pouco "ignorante" em relação à música erudita, porém, ela não está distante de mim. Justamente, por causa desse contato da música erudita com a dança e do seu entrelaçamento harmônico.
Abraços

Franciely da Costa disse...

Gostei de ler o texto. Sinto que sou um pouco "ignorante" em relação à música erudita, porém, ela não está distante de mim. Justamente, por causa desse contato da música erudita com a dança e do seu entrelaçamento harmônico.
Abraços

Anônimo disse...

Coincidentemente, ou não, estava lendo sobre e ouvindo Monteverdi, pouco antes de ler esse texto. aproveitando o feriadão aqui, devo postar algo nesta semana.
Bite

Elton Quadros disse...

Bite,

Isso não me surpreende... são tantas as "coincidências" nestes anos de amizade que, mais uma, só confirma!
Abraços e aguardo o seu texto.

Franciely,

Somos todos ignorantes em música erudita. O negócio é colocar o pé na estrada, ou melhor, o ouvido em prontidão para conhecer. Ainda mais nestes tempos de internet!
Até!

Anônimo disse...

texto otimo o cara q escreveu esse texto sabia o q agente qeria e resumido com aspectos principais da historia da opera valeu.