sexta-feira, 23 de novembro de 2007
UMA BREVE "HISTÓRIA" DA ÓPERA - Parte IV
INOVADORES III
VERDI (1813-1901) certamente é o mais popular compositor de óperas que já existiu, sua obra é das mais representadas no mundo até hoje.
O repertório verdiano é extenso Nabucco, Rigoletto, A Força do Destino, Aída, Otello etc.
Neste texto, tratarei, também brevemente, sobre La Traviatta (libreto de Francesco Maria Piave), motivado por estas palavras de Carpeaux: “Pois Verdi subordina a arte à expressão dramática, que virou brutal porque o compositor é fundamentalmente realista. (...) Verdi simpatiza sobretudo com as vítimas, os humilhados e os ofendidos...” (CARPEAUX: 2001, 341).
Talvez por conta deste realismo, La Traviatta, a primeira das óperas realmente realistas de Verdi, não obteve uma boa recepção inicial por parte do publico.
Violetta heroína de La Traviatta (A Extraviada) é uma cortesã sustentada por um barão. Alfredo um jovem apaixona-se por Violetta e, depois de um encontro desastroso numa festa, acabo por encontrar coragem para declarar-se efetivamente após o isolamento da extraviada devido a uma crise de tuberculose.
Passam alguns meses juntos em uma casa no campo, devido a uma viagem de Alfredo, o pai deste aparece e solicita de Violetta a renuncia ao amor de seu filho. Afinal de contas, ela é uma cortesã e com isso Alfredo não poderá ter espaço na “sociedade parisiense da época”.Ela aceita o sacrifício e, ao voltar da viagem, Alfredo encontra uma Violleta chorosa que o abandona deixando somente uma carta para o abobado Alfredo que, do meio da sua incompreensão, desconfia que o afastamento de sua amada foi devido a uma traição.
Ao encontrar Violetta novamente em Paris, aparentemente refeita de sua enfermidade, atira-lhe na cara uma quantia de dinheiro como pagamento pelo tempo que passaram no campo. É uma momento intensamente triste de “presenciar”.
No último ato, encontramos Violetta doente e em estágio terminal, abandonada por todos, ela reencontrar Alfredo que descobri a verdade sobre a separação (revelada pelo próprio pai) e, neste momento de encontro e alegria, Violetta morre nos braços de seu amor.
Com La Traviatta, Verdi coloca o realismo em foco. Ao apresentar uma prostituta tísica condenada a indiferença social como heroína, Verdi traz a ópera para o mundo cotidiano, para o dia a dia dos problemas humanos. O contraste entre os salões burgueses da Paris do século XIX e do quarto onde vive a prostituta abandonada, arrependida de sua vida de pecados e à beira da morte são acompanhados por uma música que busca revelar o artificialismo dos primeiros e a espera sussurrante da morte no segundo.
Talvez, La Traviatta não seja a melhor ópera de Verdi, no entanto, com ela temos, pela primeira vez, elementos importantes, tais como: realismo (a vida como ela é), uso do cotidiano (não mais lendas e mitos), pessoas comuns (e suas misérias), o desprezo social (destituído de sentido verdadeiro tão comum à época) e, ao fim e ao cabo, uma “reflexão” sobre o valor da pessoa.
Essa ópera é comovente!
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